Queimada! Uma Jornada Explosiva Através da Guerra Colonial e a Luta pela Libertação?
O cinema de 1969 testemunhou uma onda de filmes que exploravam temas sociais e políticos relevantes, refletindo o clima agitado da época. Entre eles, “Queimada” (The Burning), com Marlon Brando como protagonista, se destaca por sua crítica incisiva ao colonialismo português em África. Dirigido pelo renomado cineasta inglês Gillo Pontecorvo, conhecido por seu trabalho seminal “A Batalha de Argel”, “Queimada” apresenta um retrato visceral da luta pela libertação na ilha fictícia de São Tiago (inspirada em Cabo Verde) e nos leva a questionar o custo humano da opressão.
Brando interpreta Sir William Walker, um mercenário experiente que recebe uma missão nada convencional: instigar uma revolta entre os nativos africanos contra o regime colonial português. Ao chegar na ilha, Walker se vê envolvido numa teia de intrigas e conflitos complexos. Ele se junta a Djoa, interpretado pelo ator guineense José Luis Pereira, líder da resistência nativa que luta para libertar seu povo do jugo colonial. O filme retrata com maestria o choque cultural entre os dois protagonistas, explorando temas como aliança improvável, lealdade questionável e a natureza ambígua da guerra.
“Queimada” não se limita a apresentar uma narrativa de ação e aventura; ele mergulha fundo na psicologia dos personagens, revelando suas motivações, medos e dilemas. Walker, inicialmente movido por interesses financeiros, gradualmente se envolve emocionalmente com a causa dos africanos, questionando sua própria moral e a crueldade do sistema colonial.
A beleza visual do filme é inegável. As filmagens em locais reais na ilha de Cabo Verde capturam a magnificência da paisagem africana, contrastando com a brutalidade da opressão colonial. A trilha sonora marcante, composta por Ennio Morricone, contribui para criar uma atmosfera tensa e dramática, intensificando o impacto das cenas.
Os Personagens: Entre Idealismo e Realismo:
- Sir William Walker (Marlon Brando): Um mercenário frio e calculista que se vê transformado pela experiência na ilha de São Tiago. Seu idealismo inicial dá lugar a uma compreensão mais profunda da luta dos africanos, colocando em xeque seus próprios valores.
- Djoa (José Luis Pereira): O líder carismático da resistência nativa, determinado a libertar seu povo da tirania colonial. Djoa representa a força e a perseverança do povo africano em face da opressão.
Personagem | Descrição |
---|---|
Sir William Walker | Mercenário experiente, inicialmente movido por interesses financeiros, mas que se transforma ao longo do filme. |
Djoa | Líder da resistência nativa, dedicado à luta pela libertação de seu povo. |
“Queimada”: Um Legado Duradouro:
“Queimada” causou grande impacto na época de seu lançamento, sendo reconhecido por sua crítica contundente ao colonialismo e por sua representação crua da violência e do sofrimento. O filme lançou luz sobre a luta pela independência em África e inspirou gerações de ativistas e artistas.
Apesar de algumas controvérsias em relação à precisão histórica e ao retrato dos personagens africanos, “Queimada” continua sendo um filme poderoso e relevante. Sua mensagem de resistência, justiça social e igualdade humana ecoa até hoje, lembrando-nos da importância de lutar contra a opressão em todas as suas formas.
Para quem recomenda?: Se você busca uma experiência cinematográfica visceral, envolvente e que desafie seus pensamentos sobre a natureza do poder e da guerra, “Queimada” é uma escolha imperdível. Prepare-se para mergulhar num mundo de conflitos intensos, dilemas morais complexos e personagens memoráveis.
Para além da crítica política, “Queimada” também oferece uma oportunidade valiosa para explorar a rica cultura africana através de sua música, danças, costumes e paisagens. É um filme que não se limita a entreter; ele nos convida a refletir sobre o passado, a presente e a construir um futuro mais justo para todos.